sexta-feira, 12 de abril de 2013

18 de maio é o dia Nacional da Luta Antimanicomial e no dia 27 de maio completam-se quatro anos da morte de um dos maiores militantes da Luta Antimanicomial: Austregésilo Carrano Bueno, dramaturgo e escritor, que lutou até o fim de sua vida pelo fim dos manicômios no Brasil. Carrano – como Nise de Silveira - se destacou na Luta Antimanicomial. Eleito representante dos usuários em congresso na cidade de Xerém-RJ, atuou muitos anos na Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde, chegando a receber, em 2003, uma homenagem das mãos do presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, por seu empenho e total envolvimento, na Reforma Psiquiátrica. Além das torturas e sessões de eletrochoque sofridas nos tempos em que foi isolado do convívio social e confinado “em chiqueiros psiquiátricos”, como dizia, Carrano sofreu vários processos judiciais por sua militância, principalmente por parte dos familiares dos médicos responsáveis pelos “tratamentos” recebidos nas passagens pelos locais onde esteve internado, por quase três anos. Após o confinamento escreveu o seu drama no livro “Canto dos Malditos” que originou o filme “Bicho de sete cabeças”, de 2001, o primeiro longa-metragem dirigido por Lais Bodanzky, que revelou o jovem ator Rodrigo Santoro e se tornou o filme mais premiado do cinema brasileiro. A repercussão da obra no cinema e o livro intensificaram uma revolucionária mudança na Reforma Psiquiátrica no Brasil. Carrano nunca desistiu de seus ideais e sonhos por uma sociedade mais humana que trata a todos sem diferenças, continuou militando até seus últimos dias no Movimento da Luta antimanicomial, mesmo com a saúde debilitada e condições financeiras precárias - morreu condenado a pagar 60 mil reais para os médicos do qual foi “cobaia humana”, recebendo 21 eletrochoques e outras violências - sobre isso ele falava: "Estou condenado a indenizar as famílias dos torturadores dos quais fui vítima", mesmo nessas condições, no dia 18 de maio de 2008, participou do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, Belo Horizonte, vindo a falecer nove dias depois

O Prêmio é um movimento para que a sua voz não se cale e seu nome continue vivo não só no Movimento de Luta Antimanicomial, como nos direitos da humanidade em geral, criado em 2009, o Prêmio CARRANO de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos tem como objetivo dar continuidade a sua luta por uma mudança nas condições de tratamento de pessoas em sofrimento mental, fazendo valer a Lei nº 10.216/2001 da reforma Psiquiátrica no Brasil, da qual Carrano foi um dos defensores e críticos. O troféu é entregue anualmente a 13 pessoas e instituições, que com sua arte, ações e atitudes contribuem com os dois temas do prêmio, que manifestam e denunciam sua indignação com quaisquer violações dos Direitos Humanos, especialmente no que se refere às pessoas nas condições de sofrimento mental. Em 2009 criamos o coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura, que tem o papel da organização do Prêmio. O coletivo é formado por Edson Lima coordenador do projeto O Autor na Praça, Erton Moraes escritor, compositor e músico do Movimento TrokaosLixo,Evandro  Lobão,escritor,poeta,artesão,integrante do Movimento 1daSul e Sarau do Cooperifa, agitador e grande amigo de Carrano, o educador Adriano “Mogli” Vieira, a escritora e produtora Paloma Kliss do projeto Literatura Nômade, a psicóloga Patrícia Villas-Bôas, a poeta Tula Pilar, o músico e compositor Léo Dumont e  outros amigos de Carrano. Trata-se de um grupo aberto a pessoas e instituições interessadas em participar e colaborar com esta iniciativa

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