sexta-feira, 10 de maio de 2013

         A entrega do V Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos será realizada na data do nascimento de Austregésilo Carrano Bueno (1957-2008): 15 de maio, quarta-feira, às 19h, no auditório da Biblioteca Publica Alceu Amoroso Lima, em Pinheiros – SP. O evento integra a semana do Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18/05). Este ano, dentro da entrega do V Prêmio Carrano, organizaremos um Bate Papo: “Roda de Conversa – Loucuras e Direitos Humanos” no dia 13 de maio, segunda-feira, às 19h, na Câmara Municipal de São Paulo, para situarmos o momento histórico da luta antimanicomial e refletirmos sobre o desmantelamento dos CAPS e a rede substitutiva, a questão da internação compulsória, o genocídio da população preta, pobre e periférica e Direitos Humanos (informações no “Serviço” abaixo).

Os convidados para receber o prêmio este ano de 2013 são:

  1. Agência Popular Solano Trindade
  2. Associação Quintal Cultural (Movimento Cultural na cidade de Carapicuiba)
  3. Beto de Jesus (Educador e fundador da AGLBT)
  4. Cacá Pinheiro (Coréografo / CAPS Osasco)
  5. Centro de Convivência É de Lei – Thiago Calil – Centro da cidade de SP
  6. Comitê Contra o Genocídio da Juventude Pobre, Preta e Periférica
  7. Daniela Skromov – Núcleo dos Direitos Humanos da Defensoria Pública de SP
  8. Dom Pedro de Casaldáliga (representado por Paulo Pedrini da Pastoral Operária)
  9. Geraldo Peixoto – Militante da Luta Antimanicomial, representa os familiares
  10. Ilú Obá de Min (Educação, Cultura e Arte Negra).
  11. Maria Rita Khel (Psicanalista e membro da Comissão Nacional da Verdade)
  12. Rede Social de Justiça e Direitos Humanos – Publica o Relatório anual de DH
  13. Tico – Escritor, usuário do sistema e militante da Luta Antimanicomial.

Além da entrega do Prêmio haverá exibição de documentário, leituras, performances e apresentações musicais com a participação dos músicos e compositores Léo Dumont, Nelson Brolese e Erton Morais acompanhado de músicos da Banda Mokó de Sukata e outros convidados. Haverá pintura de tela ao vivo com o artista plástico Ed Primo e dança com Maicon Pop. Os mestres de cerimônia serão os palhaços e músicos Clerouak e Maria Lulú. Estarão disponíveis os dois últimos livros publicados por Carrano em parceria com o selo O Autor na Praça com textos de teatro: “Canto dos Malditos” e “O Sapatão e a Travesti”. Veja mais informações sobre o Prêmio, os convidados e Carrano: www.premiocarrano.blogspot.com.br e abaixo.

18 de maio é o dia Nacional da Luta Antimanicomial e no dia 27 de maio completam-se cinco anos que um dos maiores militantes desta Luta nos deixou: Austregésilo Carrano Bueno, dramaturgo e escritor, que se empenhou até o fim de sua vida pelo fim dos manicômios no Brasil. Carrano – como Nise de Silveira - se destacou na Luta Antimanicomial. Eleito representante dos usuários em congresso na cidade de Xerém-RJ, atuou muitos anos na Comissão Nacional de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde, chegando a receber, em 2003, uma homenagem das mãos do presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, por seu total envolvimento na Reforma Psiquiátrica. Além das torturas e sessões de eletrochoques sofridas nos tempos em que foi isolado do convívio social e confinado “em chiqueiros psiquiátricos”, como dizia, Carrano sofreu vários processos judiciais por sua militância, principalmente por parte dos familiares dos médicos responsáveis pelos “tratamentos” recebidos nas passagens pelos manicômios onde esteve internado, por quase três anos. Após o confinamento escreveu o seu drama no livro “Canto dos Malditos” que originou o filme “Bicho de sete cabeças”, de 2001, primeiro longa-metragem dirigido por Lais Bodanzky, que revelou o jovem ator Rodrigo Santoro e se tornou o filme mais premiado do cinema brasileiro. A repercussão da obra no cinema e o livro intensificaram uma revolucionária mudança na Reforma Psiquiátrica no Brasil. Carrano nunca desistiu de seus ideais e sonhos por uma sociedade mais humana que trata a todos sem diferenças, continuou militando até seus últimos dias no Movimento da Luta antimanicomial, mesmo com a saúde debilitada e condições financeiras precárias - morreu condenado a pagar 60 mil reais para os médicos do qual foi “cobaia humana”, recebendo 21 eletrochoques e outras violências - sobre isso ele falava: "Estou condenado a indenizar as famílias dos torturadores dos quais fui vítima", mesmo nessas condições, no dia 18 de maio de 2008, participou do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, Belo Horizonte, vindo a falecer nove dias depois.

O Prêmio é uma ação para que a sua voz não se cale e seu nome continue vivo não só no Movimento de Luta Antimanicomial, como nos direitos da humanidade em geral, criado em 2009, o Prêmio CARRANO de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos tem como objetivo dar continuidade a sua luta por uma mudança nas condições de tratamento de pessoas em sofrimento mental, fazendo valer a Lei nº 10.216/2001 da reforma Psiquiátrica no Brasil, da qual Carrano foi um dos maiores defensores e crítico. O troféu é entregue anualmente a 13 pessoas e instituições, que com sua arte e atitudes contribuem com os dois temas, denunciando, atuando com sua arte e manifestando sua indignação contra quaisquer violações dos Direitos Humanos, especialmente no que se refere às pessoas nas condições de sofrimento mental. Em 2009 foi criado o coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura, que tem o papel da organização do Prêmio. O coletivo é formado por Edson Lima, coordenador do projeto O Autor na Praça, Erton Moraes escritor, compositor e músico do Movimento TrokaosLixo, Lobão, poeta, escritor, integrante do Movimento 1daSul e Sarau do Cooperifa,  grande amigo de Carrano, a produtora cultural Nádila Paiva, o educador e coordenador da AEUSP, Adriano “Mogli” Vieira, a escritora e produtora Paloma Kliss do projeto Literatura Nômade, a psicóloga e militante do Movimento Nacional de Luta Antimanicomial Patrícia Villas-Bôas Valero, a poeta Tula Pilar, o músico e compositor Léo Dumont e  outros amigos de Carrano. Trata-se de um grupo aberto a pessoas e instituições interessadas em participar e colaborar com esta iniciativa.

Veja um depoimento no plenário do Senado, pelo Senador Eduardo Suplicy no ano em que recebeu o prêmio: http://www.youtube.com/watch?v=XafXh0_Idlg.

Serviço:
V Prêmio Carrano de Luta Antimanicomial e Direitos Humanos

  • Bate Papo: Roda de Conversa – Loucuras e Direitos Humanos”, dia 13 de maio, segunda-feira, 18h30 – Câmara Municipal de São Paulo – Sala José Tenório, 1º Subsolo, 10-C. Participam: Aristeu Bertelli da Silva (Psicólogo e membro da Comissão de Direitos Humanos do CRP-SP), Luciano Santos (Advogado e integrante do Centro Santo Dias de Direitos Humanos), Myrna Coelho (Psicóloga, militante em Saúde Mental e Direitos Humanos), Newton Tavares Junior (Associação Quintal Cultural e Trupê Drao), Paulo Sampaio (Psiquiatra, foi diretor do Manicômio Judiciário e milita na Luta Antimanicomial e Direitos Humanos), Thiago Calil (Centro de Convivência É De Lei), Vitor Cachoeira (Multirão Cultural da Quebrada).

  • Entrega do Prêmio: dia 15 de maio de 2013, quarta-feira, a partir das 19h – Entrada Franca. Local: Auditório da Biblioteca Pública Alceu Amoroso Lima. Av. Henrique Schaumann, 777 (Esq. Rua Cardeal Arcoverde) - Pinheiros – SP – Tel. 3082 5023. Realização: Coletivo Gato Seco – Nos telhados da Loucura

Informações: Edson Lima – 3739 0208 / 95030 5577 / Adriano Mogli - 99632 4748.
Apoio: O Autor na Praça, Movimento Trokaoslixo, Fórum Paulista de Luta Antimanicomial, Movimento Nacional de Luta Antimanicomial, Grupo Tortura Nunca Mais, AEUSP – Associação dos Educadores da USP, CRP-SP - Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, O Cantinho Português, Max Design, Enlace Média, Artver, Tchês Burguer, Prefeitura do Município de São Paulo / Departamento de Bibliotecas, SINTUSP – Sindicato dos Trabalhadores da USP e outras entidades e instituições ligadas ao tema.

Já receberam o Prêmio Carrano em anos anteriores: Allan da Rosa, Ana Elisa Siqueira, Associação Capão Cidadão, Carlos Costa “Carlão”, Carlos Eduardo Ferreira (Maicon), Carlos Giannazi, Casa do Saci, Clara Charf, Cia de Artes Balú, CRP-SP, Dom Paulo Evaristo Arns (representado por Paulo Pedrini), Gegê, Givanildo Manoel da Silva “Giva”, Grife Dasdoida, Grupo Tortura Nunca Mais (Representado por Rose Nogueira), José Ibrahim, José Roberto Aguilar, Laís Bodanzky, Leci Brandão, Luciano Santos, Mães de Maio, Magrão (Amigo de Carrano), Marcos Abranches, Marcos Garcia, Maria Amélia Teles “Amélinha”, Multirão Cultural da Quebrada, Paulo Amarante, Paulo César Sampaio, Raquel Trindade, Revista Ocas, Sebastião Nicomedes, Senador Eduardo Suplicy, Sonia Rainho, Tia Dag (Casa do Zezinho), Toninho Rodrigues, Xico Sá, Z’África Brasil.

SOBRE OS PREMIADOS de 2013:

AGÊNCIA POPULAR SOLANO TRINDADE - É um empreendimento cultural que vem sendo construído por jovens que possuem ações culturais na zona sul de São Paulo e  tem como  proposta o fomento e o  fortalecimento  da  economia da cultura criativa, através do incentivo a produção e difusão da cultura popular,  criando formas de organização que possibilite a sustentabilidade e auto-produção das ações culturais. Desse modo, a principal  ação que queremos com esse  projeto é entender  mais sobre as relações de produção, consumo e comercialização de serviços, produtos e conhecimentos culturais e  assim contribuir com o desenvolvimento da economia criativa local.  Isso ocorrera por meio do  mapeamento  dos produtos e serviços culturais e artísticos existentes na região do Campo Limpo, Capão Redondo e adjacências. Potencializando assim a interligação dos  produtores  ampliando  a capacidade de circulação destes bens simbólicos e a efetiva relação entre arte, cultura e mercado. A Agência Popular de Fomento à Cultura tem como principal objetivo GARANTIR A VIABILIZAÇÃO FINANCEIRA DA PRODUÇÃO ARTÍSTICA DA REGIÃO de Campo Limpo e Capão Redondo para que alcancem sua sustentabilidade econômica. Saiba mais: http://agsolanotrindade.com.br.

Associação Quintal Cultural – Trabalha oferecendo possibilidades de inclusão de forma participativa, criativa e empreendedora. Faz isso transformando as situações vividas pelos participantes em conteúdos educacionais significativos, uma ação realizada dentro de espaços comunitários que a partir daí tornam-se espaços de aprendizagem. O objetivo é contribuir  na construção de uma sociedade mais justa, que reconheça e priorize o respeito às diferenças, os saberes e os fazeres de cada um.

Beto de Jesus - É formado em Filosofia e Teologia, com especialização em Educação. Nas Nações Unidas acompanha as iniciativas do Conselho de Direitos Humanos, no que se refere às questões afetivas a orientação sexual e identidade e expressão de gênero. De 1993 a 2002 foi Coordenador de Projetos Educacionais e Sociais para o Instituto Criança Cidadã (ICC). Atuou também como consultor técnico do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e para a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação. É Presidente para América Latina e Caribe da ILGA – The International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex Association. Pela Pact Brasil (2008-2010) foi coordenador do programa de ampliação e expansão de serviços de prevenção do HIV e de aconselhamento & testagem voluntária (ATV) junto a gays, homens que fazem sexo com homens (HSH). É coautor do livro: "Diversidade Sexual na Escola: uma metodologia de trabalho com adolescentes e jovens".

Cacá Pinheiro (Cláudio Luiz Pinheiro) – Nasceu em 05/05/1970, Bailarino profissional e estudante de Ciências Sociais na Universidade Metodista-SP. Iniciou seus estudos em dança em 1996. Participou de inúmeros espetáculos e festivais de dança, principalmente os de Joinville-SC com o grupo Verônica Ballet, participou de musicais como Splish & Splash (1994), com direção de Wolf Maia. Trabalhou 1 ano com o showman Antonio Carlos Mieli no SBT. Foi bailarino da dupla João Paulo & Daniel. Trabalhou 1 ano como bailarino nas campanhas publicitárias junto com Sebastian (C&A). Dançou durante 1 ano no Japão. Trabalhou durante 6 anos no projeto Recreio nas Férias da cidade de Osasco. Atualmente é oficineiro do ponto de Cultura Burjato, em projeto de inclusão sócio cultural com pessoas especiais e da comunidade. Também desenvolve um trabalho de inclusão social no programa da Secretaria de Cultura de Osasco, chamado “Cultura na Veia” no CAPS Osasco, onde usa a dança como instrumento de cura e inserção dentro da sociedade.

Centro de Convivência É de Lei - É uma Organização da Sociedade Civil sem fins econômicos que atua desde 1998 na promoção da Redução de Danos sociais e Danos à saúde associados ao uso de drogas. Desenvolve estratégias para a construção da cidadania e para a defesa dos Direitos Humanos de pessoas que usam drogas, sobretudo em contextos de vulnerabilidade frente às DST/HIV/Aids, Tuberculose e Hepatites Virais. Nestes anos de funcionamento também colaborou na constituição, capacitação e gestão de diversas instituições de Redução de Danos, DST/HIV/Aids e Drogas, e testou e desenvolveu insumos e estratégias de intervenção para usuários de diferentes drogas. Saiba mais: www.edelei.org.

Comitê Contra o Genocídio da Juventude Pobre, Preta e Periférica – Organizações do Movimento Negro, Movimentos Sociais do Campo e da Cidade, Cursinhos Comunitários, Sindicatos, Associações e demais grupos organizados há muitos anos reagem ante a barbárie a qual a população negra, pobre e periférica de São Paulo tem sido historicamente submetida. Não bastassem as mazelas sociais que afligem historicamente esta população por meio do subemprego, do desemprego, da falta de moradia, dos serviços precários de saúde e educação, da falta de oportunidades e do desumano e permanente preconceito e discriminação racial em todo e qualquer ambiente social, percebe-se a vigência de um projeto de extermínio da população negra, por parte do Estado brasileiro. Foi por conta da permanente prática de violações, do descaso e até de estímulo a ações violentas vindas das autoridades do Estado de São Paulo, que dezenas de organizações representativas de diferentes setores sociais se uniram em torno do que se constituiu, ainda no ano de 2009, no COMITÊ DE LUTA CONTRA O GENOCÍDIO DA JUVENTUDE NEGRA, POBRE E PERIFÉRICA DE SÃO PAULO, que ao lado ou em memória das às vítimas e seus familiares, passou a exigir dos poderes constituídos, providências contra a violência praticada pelo estado e seu braço armado, que tem destruído centenas de vidas, em sua maioria de jovens negros. Desde então, esse COMITÊ, que reúne representação de quase uma centena de organizações sociais, passou não só a acompanhar e denunciar sistematicamente a violência estatal, como também produzir estudos, dossiês e proposituras no sentido de se fazer reduzir a violência em São Paulo.  Ao mesmo tempo, como embrião de seu nascimento, o trabalho permanente de base, seja através de ações coordenadas, seja por meio das ações permanentes das organizações que o compõem, vem provocando debates, seminários, audiências, formações de grupos e protestos, tais como as duas ocupações da Secretaria de Justiçado Estado de SP (2009 e 2013); Audiência Pública e entrega de Dossiê sobre o Genocídio em SP, na ALESP (2010); Marcha Contra o Racismo e Ocupação do Shopping Higienópolis (2012); Marcha dos 10 Direitos Humanos a Serem Respeitados (Dia D - 2012); Audiência junto ao Secretário de Seg. Pública – que se ausentou, e a ocupação da Secretaria de Segurança Pública de SP (2013), entre outros diversos protocolos, requerimentos, atos e marchas de denúncia ao genocídio entre os anos de 2009 e 2013. Saiba mais: http://contraogenocidio.blogspot.com.br.

Daniela Skromov de AlbuquerqueÉ Coordenadora Auxiliar do Núcleo Especializado de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado de São Paulo. É especialista em Direitos Humanos. Tem se dedicado a temas como internação forçada de pessoas e violência policial, participando de debates e buscando a garantia dos direitos de suas vítimas. Artigo sobre internação: www.cartaforense.com.br/conteudo/artigos/internacao-compulsoria-posicao-contraria/8670. Entrevista sobre violência policial: http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2012/11/policial-deve-ser-alguem-treinado-para-jamais-matar-diz-defensora-publica. Entrevista para a TVT: www.youtube.com/watch?v=aDi9VZh6jVc. Entrevista para o programa Justiça e Democracia da All TV: www.vimeo.com/36168038.

Dom Pedro Casaldáliga – Sacerdote, poeta e prosador. Nasceu em Balsareny, província de Barcelona, 16 de fevereiro de 1928, é um bispo católico radicado no Brasil desde 1968. Foi nomeado administrador apostólico da prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso) no dia 27 de abril de 1970. O Papa Paulo VI o nomeou bispo prelado de São Félix do Araguaia, no dia 27 de agosto de 1971. Foi bispo da sé titular de Altava até 1975. Adepto da teologia da libertação, adotou como lema para sua atividade pastoral: Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar. É poeta, autor de várias obras sobre antropologia, sociologia e ecologia. Dom Pedro já foi alvo de inúmeras ameaças de morte. A mais grave, em 12 de outubro de 1976, ocorreu no povoado de Ribeirão Bonito (Mato Grosso). Ao ser informado que duas mulheres estavam sendo torturadas na delegacia local, dirigiu-se até lá acompanhado do padre jesuíta João Bosco Penido Burnier. Após forte discussão com os policiais, o padre Burnier ameaçou denunciá-los às autoridades, sendo então agredido e, em seguida, alvejado e morto com um tiro na nuca. Após a missa de sétimo dia, a população seguiu em procissão até a porta da delegacia, libertando os presos e destruindo o prédio. Naquele lugar foi erguida uma igreja. Por cinco vezes, durante a ditadura militar, foi alvo de processos de expulsão do Brasil, tendo saído em sua defesa o arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Em 1994 apoiou a revolta de Chiapas, no México, afirmando que quando o povo pega em armas deve ser respeitado e compreendido. Em 1999 publicou a "Declaração de Amor à Revolução Total de Cuba". No ano 2000, foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual de Campinas. Dom Pedro, que sofre do mal de Parkinson, no dia 2 de fevereiro de 2005 o Papa João Paulo II aceitou seu pedido de renúncia, se tornando Bispo Emérito de São Félix do Araguaia. Mesmo depois da renúncia, não perdeu a combatividade e a franqueza, afirmando, por exemplo que o governo Lula gosta mais dos ricos do que dos pobres, apoiando o MST e a Via Campesina, criticando a hierarquia da igreja que deveria se abrir ao diálogo em lugar de excomungar e proibir, defendendo a ordenação de mulheres e afirmando ser contra o celibato sacerdotal. Desde novembro de 2012, D. Pedro Casaldáliga, vem recebendo ameaças de morte devido à sua luta pela devolução das terras batizadas como Marãiwatsédé aos índios da etnia Xavante. No início de dezembro, após a Justiça derrubar dois recursos que tentavam adiar a retirada dos não índios da região, agora chamada Gleba Suiá Missú, ele teve de se deslocar contra sua própria vontade para uma localidade não revelada para sua própria segurança. Ainda assim, D. Pedro retornou em 29 de dezembro a São Félix, estando agora sob proteção policial. Porém, além de Casaldáliga, diversas lideranças indígenas e agentes da pastoral também estão sendo ameaçados desde que o Incra iniciou o processo de desintrusão da região. Saiba mais e apoie a luta de Dom Pedro no Comitê de Solidariedade a Dom Pedro de Casaldáliga e ao povo Xavante: http://www.consciencia.net/comite-de-solidariedade-a-dom-pedro-casaldaliga-e-ao-povo-xavante.

Geraldo Peixoto – Usuário, familiar, militante e parceiro. Decano do MNLA – Movimento Nacional da Luta Antimanicomial. Foi grande amigo e parceiro do Carrano em vários momentos e ações da Luta Antimanicomial. Durante muitos anos foi representante dos familiares na Comissão de Reforma Psiquiátrica do Ministério da Saúde. Quase 30 anos de sua viva são dedicados à participação e militância no Movimento Nacional da Luta Antimanicomial. Morador de São Vicente (SP), Geraldo é formado em Educação Física. O filho André Luiz, falecido em 2011, usuário de serviços de saúde mental, sempre foi a inspiração para que Geraldo continuasse defendendo e militando por uma sociedade mais justa em sua relação com o adoecimento mental. Conheça mais numa entrevista dele para o (EM)CENA – A Saúde Mental em Movimento: http://ulbra-to.br/encena/2011/04/28/encena-entrevista-com-geraldo-peixoto.

Ilú Obá De MinEducação, Cultura e Arte Negra - É uma associação paulistana, sem fins lucrativos, que tem como base o trabalho com as culturas de matriz africana e afro-brasileira e a mulher. Surgiu após vinte anos de pesquisa-ação desenvolvidas com variados grupos sociais pela sua dirigente Beth Beli e iniciou suas atividades em novembro de 2004, tornando-se pessoa jurídica em 2006. O objetivo da associação é preservar e divulgar a cultura negra no Brasil, mantendo diálogo cultural constante com o continente africano através dos instrumentos, dos cânticos, dos toques, da corporeidade, além de abrir espaço para ideias que visem o fortalecimento individual e coletivo das mulheres na sociedade. Os produtos culturais gerados pela associação compreendem: apresentações artísticas do Bloco Afro Ilú Oba De Min, palestras, oficinas de dança e música, CD e site. Saiba mais: www.iluobademin.com.br / http://www.brasildefato.com.br/node/8867

Maria Rita Bicalho Khel – Psicanalista e escritora. Doutora em psicanálise pelo Departamento de Psicologia Clínica da PUC-SP. Atendimento em clínica particular de adultos desde 1981. Foi jornalista entre 1974 e 1981, e desde então continua publicando artigos em jornais, revistas e publicações especializadas em psicanálise. Artigos em várias coletâneas desde 1986. É autora dos livros: “O tempo e o cão – a atualidade das depressões” (Ed. Boitempo – 2009), vencedor do prêmio Jabuti do Ano de 2010, no mesmo ano, o livro ganhou também o Jaboti na categoria dos livros de psicologia e psicanálise; “Juventude: A fratria órfã” (Editora Olho D’Água – 2008); “O ressentimento” (Ed. Casa do Psicólogo – 2004);  “Videologias – ensaios sobre a televisão”, em parceria com Eugênio Bucci (Ed.    Boitempo – 2004); “Sobre ética e psicanálise” (Cia. das Letras – 2002). Organizadora do livro “Função Fraterna” (Delume Dumará – 2000); “Deslocamentos do feminino – A Mulher Freudiana na Passagem para a Modernidade” (Imago - 1998 – 2ª. edição em 2008); “A Mínima diferença” – Ensaios (Imago – 1996); “Processos Primários” – “Poemas” (Estação Liberdade – 1996). É membro da Comissão Nacional da Verdade, instalada em 16 de maio de 2012 para apurar supostas violações aos direitos humanos ocorridas no período entre 1946 e 1988.

Rede Social de Justiça e Direitos Humanos - É resultado da experiência de trabalho com dezenas de organizações não-governamentais e movimentos sociais. Nosso trabalho tem como objetivo responder a uma demanda de ação e articulação de denúncias de violações de direitos humanos ocorridas no Brasil e inclui: formulação de petições e submissão de casos a organismos nacionais e internacionais visando a proteção dos direitos humanos; participação em delegações emergenciais em áreas e situações de conflito; observação de julgamentos; campanhas contra a impunidade; atividades de capacitação sobre mecanismos jurídicos e de comunicação de defesa dos direitos humanos; publicações e intervenções na mídia (incluindo relatórios, artigos e entrevistas nos meios de comunicação); produção de documentários em vídeo; participação em articulações como o Fórum Social Mundial (Comitê Organizador), Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares, Grito dos Excluídos Continental (Coordenação), Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, Fórum Nacional de Entidades de Direitos:Humanos, Rede de Ação e Pesquisa sobre a Terra (Coordenação), Campanha Contra a Alca, Campanha Continental Contra a Militarização, Movimento Nacional de Direitos Humanos, entre outras. Saiba mais: http://www.social.org.br.

Pequena biografia de AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO - Curitibano, escritor, ator, dramaturgo. Autor de dois livros editados: “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de Sete Cabeças” (veja aqui o trailler) e “Textos – Teatro – Seis peças para Teatro”. O texto para teatro de sua autoria “SOS Mãe natureza”, premiado na ECO-92, foi adaptado para livro infanto-juvenil, com titulo provisório: “SOS... Os Senhores Mesquinhos estão devorando a Mãe Natureza” que não foi publicado ainda, embora Carrano tenha batido a portas de algumas editoras. Em parceria com o selo O Autor na Praça, publicou em 2007, dois livros de textos para Teatro: Canto dos Malditos e O Sapatão e a Travesti, com a renda da venda desses livros esperava publicar de forma independente uma nova edição de “Cantos dos Malditos” e seu novo romance “Filhas da Noite”, ainda não publicado. Durante quase 3 anos de internações Carrano sobreviveu a 21 aplicações de Eletroconvulsoterapia; choques numa voltagem de 180 a 460 volts aplicados nas temporas.

Carrano foi Ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, Membro da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Representante dos Usuários no Conselho Nacional de Reforma Psiquiátrica (Eleito no Encontro Nacional dos Usuários e Familiares em Xerém, RJ), Defensor Ferrenho das Indenizações as Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro, foi homenageado pelo Ministério da Saúde em 2003. O trabalho de Carrano foi reconhecido nacional e internacionalmente, envolvendo a questão da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Como ele exigia e defendia: “Temos que ter uma nova visão e maneira de tratarmos, sem preconceitos, respeitando seus direitos de cidadão, e aceitando o diferente que se encontra em sofrimento mental. Um basta definitivo no confinamento, sedação e experiências com cobaias humanas. Confinar não é tratar, é Torturar, portanto, são crimes psiquiátricos que devem ser cobrado responsabilidades e serem pagas indenizações as Vítimas”.

“(...) Ainda espero ser indenizado pelas torturas psiquiátricas sofridas, pela minha condenação aos preconceitos sociais, danos físicos, emocionais, morais, danos na minha formação profissional, danos financeiros, destruição de minha adolescência. E esses meus direitos de cidadão serão cobrado até o fim dos meus dias. Se não conseguir em vida, algum dos meus filhos ficará com essa incumbência. Justiça plena e total é o que exijo, e mesmo depois de morto continuarei a exigir. Não só para mim, exijo essas indenizações para todas as vítimas do holocausto da psiquiatria brasileira, não desistirei por nada nem que leve o resto da minha vida” (Texto de Carrano no posfácio da última edição do livro Canto dos Malditos).

Vejam depoimentos do Carrano: http://www.youtube.com/watch?v=bElqEmQhpBU
http://www.youtube.com/watch?v=22Ai29O1qIo&feature=related Neste depoimento Carrano faz a leitura de seu poema “Sequelas... e... Sequelas” de abertura do livro “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de sete cabeças” (o texto do poema está ao final deste release).

SINOPSE do livro Canto dos Malditos - História real do período que o autor passou confinado por três anos e meio em instituições psiquiátricas do Paraná e Rio de Janeiro, dos 17 até 21 anos. Sofrendo torturas, e as mazelas de um sistema manicomial brasileiro arcaico, confinador, estigmatizante, e que chamam de “tratamento psiquiátrico”. O livro foi escrito não com a intenção de denegrir a imagem de médico psiquiatra algum, e sim é um relato fiel a que são submetidos os pacientes psiquiátricos dentro dos manicômios. O livro “Canto dos Malditos” deu origem ao filme mais premiado da história da cinematografia brasileira: “Bicho de Sete Cabeças”, dirigido por Laís Bodanzky, recebeu 45 prêmios nacionais e 08 prêmios internacionais, ao todo são 53 prêmios conquistados.

Homenageado pelo Presidente da República Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 28 de maio de 2003, pelo seu empenho na Reforma Psiquiátrica, que está sendo construída em todo o Brasil; Porém, todo esse empenho e reconhecimento, têm-lhe cobrado um grande preço, na sua terra natal. Em Curitiba, um Lobby de Psiquiatras, contrários às ideologias de Carrano, e do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, são eles, opositores ferrenhos a Reforma Psiquiátrica no Brasil. Esses Empresários da Loucura, donos e associados dos hospitais psiquiátricos, fizeram perseguições indecentes, constantes e aviltantes, lançou a 1ª edição do livro em 1990, pela Scientia et Labor, Editora da Universidade Federal do Paraná.  Dias após o lançamento, o livro foi retirado das livrarias a mando desse Lobby de Psiquiatras. Só voltando a ser publicado em 1991, pela Editora Lemos, de São Paulo, Carrano comprava a edição e a vendia em seminários, palestras, feiras culturais, entre elas uma em um Shopping da cidade, por onde chegou as mãos da diretora do filme Laís Bodanszky. Chegou a publicar e bancar sete edições do livro sem ser vendido em livrarias.

Em 13 de maio de 1998, Carrano entrou com a “1ª Ação Indenizatória” por erro, tortura e crime psiquiátrico no histórico forense brasileiro. Até sua morte em maio 2008, uma de suas rotinas foi responder a processos jurídicos de todos os tipos, até um processo que exige que ele se calasse, proibindo-o de falar de sua experiência dentro dos chiqueiros psiquiátricos que foi torturado. As Perseguições judiciais que recebia, eram repudiadas pela sociedade brasileira, causando indignação em ongs nacionais e internacionais de Direitos Humanos. O livro “Canto dos Malditos” foi cassado, retirado novamente das livrarias e proibido em todo o território nacional, em abril de 2002. Da primeira Ação Indenizatória por erro, tortura e crime psiquiátrico no Brasil, de vítima virou réu, em maio de 1999 foi condenado a pagar R$ 60.000.00 aos donos dos “Chiqueiros Psiquiátricos” do qual foi vítima. Entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Em novembro de 2003 foi condenado novamente a pagar mais R$ 12.000.00 em vinte e quatro horas, por citar os nomes dos hospícios e dos médicos na imprensa, por estas citações chegou a receber ameaças de morte. Na sentença desse processo seu direito de livre expressão foi cassado, foi proibido de falar o nome de seus torturadores em público, com uma multa de R$ 50.000.00 a cada desobediência jurídica.  Julgado pelo Judiciário Paranaense, de Vítima da Tortura Psiquiátrica se tornou Réu por denunciar, exigir mudanças radicais, indenizações, cobrança de responsabilidades dos profissionais dessa falsa psiquiatria que confina, droga e mata pessoas em suas casas de extermínios, os “chiqueiros psiquiátricos” brasileiros. Pagou o preço por enfrentar essa Máfia do Inconsciente, donos exclusivos e ditadores do “Saber Psiquiátrico!”.

Tentaram o calar a todo custo. Foi sem dúvidas um artista, revolucionário, guerreiro da Luta Antimanicomial e dos Direitos Humanos e um dos mais batalhadores por estas causa no Brasil. Conseguiu, bancando sozinho o trabalho de seu advogado na liberação do seu livro “Canto dos Malditos”, depois de dois anos e meio cassado e retirado de todas as livrarias brasileiras, não contou com nenhum apoio da editora da época. “Canto dos Malditos” foi dos poucos livros proibidos depois do fim da Ditadura Militar.  Voltou às livrarias em setembro de 2004, com um posfácio mais picante, denunciando os crimes psiquiátricos e também as fortunas psiquiátricas ilícitas. Cobrando, exigindo “Indenizações” imediatas às Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro... “A Luta pelos Direitos Sociais de nós ‘Vítimas Psiquiátricas’, está apenas começando, agora que a cobra vai fumar!” dizia Carrano.

 Sequelas... e ... Sequelas

Seqüelas não acabam com o tempo. Amenizam. Quando passam em minha mente as horas de espera, sinceramente, tenho dó de mim. Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro.

Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agonizantes. Horas, minutos, segundos são eternidade martirizantes. Não começam hoje, adormeceram há muito tempo, a muito custo... comigo. Esta espera, Oh Deus! É como nunca pagar o pecado original. É ser condenado a morte várias vezes.

Quem disse que só se morre uma vez?

Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. Aspirada à respiração não é... É introchada. Os nervos já não tremem... dão solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas. A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto. Olhos na abertura da porta... rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, tento fuga alucinante. Agarrado, imobilizado... Escuto parte de meu gemido.

Quem disse que só se morre uma vez?

(Austregésilo Carrano Bueno – Poema das quatro horas de espera para ser eletrocutado – aplicação da eletroconvulsoterapia). Veja o poema na voz de Carrano:
http://www.youtube.com/watch?v=bElqEmQhpBU

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Pequena biografia de AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO


Curitibano, escritor, ator, dramaturgo. Autor de dois livros editados: “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de Sete Cabeças” e “Textos – Teatro – Seis peças para Teatro”. O texto para teatro de sua autoria “SOS Mãe natureza”, premiado na ECO-92, foi adaptado para livro infanto-juvenil, com titulo provisório: “SOS... Os Senhores Mesquinhos estão devorando a Mãe Natureza” que não foi publicado ainda, embora Carrano tenha recorrido à algumas editoras.
Em parceria com o selo O Autor na Praça, publicou em 2007 dois livros de textos para Teatro: “Canto dos Malditos e O Sapatão e a Travesti”, com a renda da venda desses livros esperava publicar de forma independente uma nova edição de “Cantos dos Malditos” e seu novo romance “Filhas da Noite”, ainda não publicado.

Carrano foi Ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, Membro da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Representante dos Usuários no Conselho Nacional de Reforma Psiquiátrica (Eleito no Encontro Nacional dos Usuários e Familiares em Xerém, RJ), Defensor Ferrenho das Indenizações as Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro. Homenageado pelo Ministério da Saúde.

O livro “Canto dos Malditos” deu origem ao filme mais premiado da história da cinematografia brasileira: “Bicho de Sete Cabeças”, dirigido por Laís Bodanzky. Essa obra recebeu 45 prêmios nacionais e 08 prêmios internacionais, ao todo são 53 prêmios conquistados.
O trabalho de Carrano envolvendo a questão da Reforma Psiquiátrica no Brasil é reconhecido nacional e internacionalmente. Carrano, entre suas exigências e defesas, afirmava:
“Temos que ter uma nova visão e maneira de tratarmos, sem preconceitos, respeitando seus direitos de cidadão, e aceitando o diferente que se encontra em sofrimento mental. Um basta definitivo no confinamento, sedação e experiências com cobaias humanas. Confinar não é tratar, é torturar, portanto, são crimes psiquiátricos que devem ser cobrado responsabilidades e serem pagas indenizações às vítimas”.

Ainda acerca de suas exigências, Carrano, no posfácio da última edição do livro Canto dos Malditos, escreveu:
“(...) Ainda espero ser indenizado pelas torturas psiquiátricas sofridas, pela minha condenação aos preconceitos sociais, danos físicos, emocionais, morais, danos na minha formação profissional, danos financeiros, destruição de minha adolescência. E esses meus direitos de cidadão serão cobrado até o fim dos meus dias. Se não conseguir em vida, algum dos meus filhos ficará com essa incumbência. Justiça plena e total é o que exijo, e mesmo depois de morto continuarei a exigir. Não só para mim, exijo essas indenizações para todas as vítimas do holocausto da psiquiatria brasileira, não desistirei por nada nem que leve o resto da minha vida.”

Em 28 de maio de 2003, Carrano foi homenageado pelo Presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, pelo seu empenho na Reforma Psiquiátrica que está sendo construída em todo o Brasil.
Entretanto, todo esse empenho e reconhecimento lhe custaram um grande preço em sua terra natal – Curitiba - onde um lobby de psiquiatras contrários às ideologias de Carrano e do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, fizeram perseguições indecentes, constantes e aviltantes contra sua luta autêntica.
Carrano lançou a 1ª edição do livro “Canto dos Malditos” em 1990, pela Scientia et Labor, editora da Universidade Federal do Paraná.  Dias após o lançamento, o livro foi retirado das livrarias a mando desse Lobby de Psiquiatras, opositores ferrenhos a Reforma Psiquiátrica no Brasil, empresários da loucura, donos e associados dos hospitais psiquiátricos. O livro só voltou a ser publicado em 1991, pela editora Lemos, de São Paulo.

 Carrano comprava os exemplares e os vendia em seminários, palestras, feiras culturais. Graças a uma das feiras culturais realizadas em um Shopping da cidade, o livro chegou às mãos da diretora do filme Laís Bodanszky.


 Em 13 de maio de 1998, Carrano entrou com a “1ª Ação Indenizatória” por erro, tortura e crime psiquiátrico no histórico forense brasileiro.  Até sua morte em maio 2008, uma de suas rotinas foi responder a processos jurídicos de todos os tipos, até um processo que exigia com que ele se calasse, proibindo-o de falar de sua experiência dentro dos chiqueiros psiquiátricos onde foi torturado diversas vezes.
Infelizmente, por conta de novas ações movidas contra o militante, Canto dos Malditos foi cassado, retirado novamente das livrarias e proibido em todo o território nacional em abril de 2002.
As Perseguições judiciais que recebia eram repudiadas pela sociedade brasileira, causando indignação em ONGs nacionais e internacionais de Direitos Humanos.
Da primeira Ação Indenizatória por erro, tortura e crime psiquiátrico no Brasil, de vítima virou réu, em maio de 1999 foi condenado a pagar R$ 60.000.00 aos donos dos “Chiqueiros Psiquiátricos” do qual foi vítima.
Entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Em novembro de 2003 foi condenado novamente a pagar mais R$ 12.000.00 em vinte e quatro horas, por citar os nomes dos hospícios e dos médicos na imprensa, por estas citações chegou a receber ameaças de morte. Na sentença desse processo seu direito de livre expressão foi cassado, foi proibido de falar o nome de seus torturadores em público, com uma multa de R$ 50.000.00 a cada desobediência jurídica. 
Julgado pelo Judiciário Paranaense, de vítima da Tortura Psiquiátrica se tornou Réu por denunciar, exigir mudanças radicais, indenizações, cobrança de responsabilidades dos profissionais dessa falsa psiquiatria que confina, droga e mata pessoas em suas casas de extermínios, os “chiqueiros psiquiátricos” brasileiros.
Carrano pagou um preço alto, infelizmente, por enfrentar essa Máfia do Inconsciente, donos exclusivos e ditadores do “Saber Psiquiátrico”! Tentaram o calar a todo custo. 
Carrano foi sem dúvida um artista, revolucionário, guerreiro da Luta Antimanicomial e dos Direitos Humanos e um dos mais batalhadores por estas causas no Brasil.
Conseguiu, bancando sozinho o trabalho de seu advogado, a liberação do seu livro “Canto dos Malditos”, depois de dois anos e meio cassado e retirado de todas as livrarias brasileiras; e não contou com nenhum apoio da editora na época.
“Canto dos Malditos” foi dos poucos livros proibidos depois do fim da Ditadura Militar.  Voltou às livrarias em setembro de 2004, com um posfácio mais picante, denunciando os crimes psiquiátricos e também as fortunas psiquiátricas ilícitas. Cobrando, exigindo “indenizações” imediatas às vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro.
 “A Luta pelos Direitos Sociais de nós ‘Vítimas Psiquiátricas’, está apenas começando, agora que a cobra vai fumar!” dizia Carrano.

 Sequelas... e ... Sequelas

Sequelas não acabam com o tempo. Amenizam. Quando passam em minha mente as horas de espera, sinceramente, tenho dó de mim. Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro.

Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agonizante. Horas, minutos, segundos são eternidade martirizantes. Não começam hoje, adormeceram há muito tempo, a muito custo... comigo. Esta espera, Oh Deus! É como nunca pagar o pecado original. É ser condenado a morte várias vezes.

Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. Aspirada à respiração não é... É introchada. Os nervos já não tremem... dão solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas. A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto. Olhos na abertura da porta... rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, tento fuga alucinante. Agarrado, imobilizado... Escuto parte de meu gemido.

Quem disse que só se morre uma vez?

(Austregésilo Carrano Bueno – Poema das quatro horas de espera para ser eletrocutado – aplicação da eletroconvulsoterapia).
Abaixo, segue uma sinopse do livro Canto dos Malditos aos interessados pela história e luta desse que foi um dos grandes guerreiros de nossa sociedade:

História real do período que o autor passou confinado por três anos e meio em instituições psiquiátricas do Paraná e Rio de Janeiro, dos 17 até 21 anos. Sofrendo torturas, e as mazelas de um sistema manicomial brasileiro arcaico, confinador, estigmatizante, e que chamam de “tratamento psiquiátrico”. Sobreviveu a 21 aplicações de Eletroconvulsoterapia; choques numa voltagem de 180 a 460 volts aplicados nas temporas. O livro foi escrito não com a intenção de denegrir a imagem de médico psiquiatra algum, e sim é um relato fiel a que são submetidos os pacientes psiquiátricos dentro dos manicômios.


A entrega do IV Prêmio Carrano foi realizada  no dia 19 de maio de 2012 na semana do dia nacional de Luta Antimanicomial (18/05), próximo à data de nascimento de Austregésilo Carrano Bueno: 15 de maio de 1957. Os convidados para receber o prêmio este ano são: Ana Elisa Siqueira, Associação Capão Cidadão, Beto de Jesus, Cia de Artes Balú, Carlos Giannazi, CRP-SP, Elke Maravilha, Givanildo Manoel da Silva “Giva”, José Roberto Aguilar, Leci Brandão, Mães de Maio, Marcos Garcia e Multirão Cultural da Quebrada. Além da entrega do prêmio faremos uma homenagem ao escritor Lima Barreto com exibição de documentário, leituras, apresentações musicais e performances com a participação do músico e compositor Léo Dumont, o poeta e bailarino Ricardo Carneiro e Silva, o artista plástico D’Ollynda e outros convidados. Estarão disponíveis os dois últimos livros publicados por Carrano em parceria com o selo editorial O Autor na Praça com textos de teatro: “Canto dos Malditos” e “O Sapatão e a Travesti”. Veja mais informações sobre Carrano e os convidados abaixo. 

  1. Ana Elisa Siqueira - Educadora e diretora da Revolucionária escola EMEF Amorim Lima no bairro do Butantã em São Paulo. Uma Mulher lutadora incansável, Ana Elisa Siqueira é assim, uma louca apaixonada pela educação pública. Emociona-se todas as vezes que fala do projeto inspirado na Escola da Ponte, desenvolvido na EMEF Desembargador Amorim Lima, localizada na zona oeste de São Paulo: “Em primeiro lugar não foi eu quem trouxe, não é uma coisa minha, foi uma conquista que a escola teve. Foi a comunidade - que inclui os pais, os educadores e a equipe técnica. Foi um conjunto de pessoas que conseguiu. A gente se inspirou na Escola da Ponte e a partir daí estamos construindo uma educação para essa escola. Que tenha outra cara, outro jeito. Uma educação que a gente acredita. Uma dessas crenças é pensar que as crianças possam ser donas do seu processo de aprendizagem. Podem saber como aprendem. Saber como a gente aprende é um passo na nossa própria autonomia. Quando a gente aprende como a gente aprende, a gente aprende como a gente é. A gente aprende o que a gente pode e o que a gente não pode. O que a gente é bom e o que a gente não é. Onde a gente precisa de ajuda e onde não precisa. Então isso dá uma outra consciência de si próprio. Eu penso que isso é fundamental e foi uma das coisas que mais me encantou na Escola da Ponte. Outra coisa que me encantou profundamente é o fato de ser Pública. Por exemplo: Todas as pessoas da Escola da Ponte sabem o que vão aprender do primeiro ano até o último que estão lá. Isso é de fato um trabalho cidadão”. Há mais de 20 anos na rede municipal de ensino, a pedagoga e mãe (também quase filósofa), claro, rodeada de uma equipe de pessoas especiais, exerce a profissão por uma escola pública, sem paredes, de qualidade e cidadã, com muito compromisso e crença: “Eu acho que não dá para fazer nada em educação se você não tiver fé!” Saiba mais aqui.
  2. Associação Capão Cidadão - No ano 2000, iniciamos um movimento chamado: "Não a violência, Eu quero lazer!", com ações cujo objetivo era combater a violência com atividades culturais e educativas, essas ações aconteciam na comunidade do Capão Redondo, mais especificamente no Parque Santo Dias, na zona sul da cidade de São Paulo. O movimento foi tomando proporções maiores a cada ano, e mais e mais pessoas da comunidade foram se beneficiando com esta nova proposta que envolvia a diversidade cultural e étnica tão presente nesta região, Com a continuidade do movimento, percebemos que as demandas da comunidade em relação às crianças e adolescentes, sobretudo, a falta de espaços adequados de cultura e lazer e, eram muitas, e que as atividades para este público deveriam ser mais sistemáticas, havendo a necessidade de se ter um local fixo para este fim, nasceu assim, a Associação Capão Cidadão, atuando no Jardim Valquíria, atendendo a comunidade com atividades culturais como dança, teatro, música, educação e esporte. Atualmente, a organização atende uma média de 226 rianças e adolescentes .(www.capaocidadao.com.br).
  3. Beto de Jesus - Secretario para América Latina e Caribe da ILGA - International Lesbian and Gay Assotiacion; membro da Executiva da ABGLT - Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, travestis e Transexuais e do IEN - Instituto Edson Neris. É Consultor em Educação para organismos Governamentais e não-Governamentais. Colaborou com a publicação "Gênero e Diversidade Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superar preconceitos" do Ministério de Educação do Brasil, bem como na elaboração do tema transversal "Gênero, Identidade de Gênero e Orientação Sexual" para os Parâmetros Curriculares do Ensino Médio, também do Ministério de Educação. É co-autor do livro: "Diversidade Sexual na Escola: uma metodologia de trabalho com adolescentes e jovens".
  4. Carlos Giannazzi - Deputado Estadual pelo PSOL. Sempre atuou na defesa do magistério, da educação pública, gratuita e de qualidade, da cidadania ativa e crítica, do fortalecimento dos movimentos sociais. Coordena as Frentes Parlamentares em defesa da escola pública, dos músicos contra a OMB, contra os pedágios e da diversidade sexual. É autor dos requerimentos de instalação das CPIs da Educação, da Segurança Pública, do Judiciário e do DPME. Giannazi está preparando um dossiê para ser entregue ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), pedindo uma profunda investigação nos atos da juíza da 6.a vara de S. J. dos Campos, Márcia Faria M. Loureiro e da presidência do Tribunal de Justiça que avalizou a decisão de retirar mais de 6000 moradores do bairro do Pinheirinho, causando uma grande tragédia humanitária que afrontou e violou a dignidade da pessoa humana e os direitos humanos elementares, inclusive de crianças, mulheres grávidas e idosos. (www.carlosgiannazi.com.br).
  5. Cia. de Artes Balú - Nasceu do Movimento Popular "Mão pra Bolo e Cia" em Carapicuíba no ano de 1999, fruto desta organização e eventos socioculturais na periferia da cidade, a companhia manteve o objetivo de disseminar as artes e levar cultura em locais de pouco acesso para atingir público em situação de vulnerabilidade. Fundada pela atriz circense Fabiana Mina a companhia integra artes cênicas, música, dança, arte circense, artes visuais e artes plásticas na execução de seus eventos, saraus, peças teatrais e intervenções artísticas, o trabalho tem como objetivo principal levar arte, cultura e conhecimento especialmente para população de baixa renda e jovens que se encontram em situação de vulnerabilidade, atuando como agente transformador do caráter sócio-cultural do indivíduo na cidade de Carapicuiba-SP e região. (http://www.ciadeartesbalu.org).
  6. CRP-SP Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - instituição criadora do Prêmio Artur Bispo do Rosário. (www.crpsp.org.br).
  7. Elke Maravilha - Dra. Nise da Silveira, criadora do Museu de Imagens do Inconsciente, afirmava que Elke é uma Sacerdotisa Dionisíaca, e que, como tal, ilumina caminhos e aquece corações. Já na década de 1960 despontou como símbolo de transgressão e liberação. Visionária como só os que assumem seu delírio, intuiu o movimento holístico e vem exercendo-o tanto em suas relações pessoais como em sua comunicação com o mundo. Elke Maravilha é uma obra de arte em constante metamorfose e como artista vem trilhando o melhor dos caminhos da arte: Ela apostou e aposta no sonho possível. Artista reconhecida da TV, cinema, teatro, música e ativa militante das questões antimanicomiais e direitos humanos
  8. Givanildo Manoel da Silva - Giva, Militante do Tribunal Popular, batalhador pelas questões carcerárias, indígenas e tantas formas de injustiças sociais, como o caso da violência policial e do poder público no “Pinheirinho” em 2012. Atua na Coordenação de Grupos, organização de estrutura de entidades, trabalho com jovens, desenvolvimento de projetos, formação de Conselheiros dos Direitos da Criança e do Adolescente, Tutelar, Educadores e profissionais diversos que trabalham com criança e adolescente, especialista em políticas publicas para criança e adolescente.
  9. José Roberto Aguilar – Artista multimídia. Nasceu em São Paulo em 1941. Em 1958 já participava da vida cultural brasileira através do movimento Kaos, manifestação vanguardista de Jorge Mautner, que incluía sessões de poesia, literatura e performances. Em 1961, realiza sua primeira exposição. Em 1963, é selecionado para a Bienal Internacional de São Paulo. Em 1965, junto com outros artistas nacionais e internacionais, entre eles Hélio Oiticica com os parangolés, participa da famosa Mostra Opinião – 65, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1967, recebe o Prêmio Itamaraty na Bienal de São Paulo, onde volta a expor em 1969.
  10. Leci Brandão – Nascida em Madureira, criada em Vila Isabel e cidadã paulistana, Leci Brandão foi a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da Mangueira. Em 1975 gravou o primeiro LP e recebeu inúmeros prêmios de crítica. De lá até aqui foram 23 discos e várias compilações em 37 anos de carreira. Durante cinco anos Leci ficou sem gravar por não abrir mão de suas opiniões. As gravadoras não aceitavam suas canções marcadas pela crítica social. Ela cantou a defesa das minorias, todas elas. Era convidada para cantar em todos os eventos afinados com sindicalistas, estudantes, índios, prostitutas, gays, partidos de esquerda, movimentos de mulheres e principalmente o Movimento Negro. Foi membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial e do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Entre 2002 e 2010 foi comentarista dos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e de São Paulo pela TV Globo. Em 2010 foi eleita Deputada Estadual de São Paulo pelo Partido Comunista do Brasil e se tornou a segunda mulher negra a ocupar uma cadeira no parlamento paulista. Como parlamentar, continua fiel às causas que sempre considera importantes e pelas quais vêm se dedicando ao longo da vida: igualdade racial, religiões de matrizes africanas, populações negras e indígenas, juventude, mulheres, segmento LGBTT e cidadania. No carnaval de 2012 foi homenageada pela escola de samba Acadêmicos do Tatuapé, de SP. (www.lecibrandao.com.br).  
  11. Mães de Maio - É uma rede de Mães, Familiares e Amigos de vítimas da violência do Estado Brasileiro (principalmente da Polícia), formado aqui no estado de São Paulo a partir dos famigerados Crimes de Maio de 2006. Foi a partir da Dor e do Luto gerado pela perda de nossos filhos, familiares e amigos que nos encontramos, nos reunimos e passamos a caminhar juntas. “Nossa missão é lutar pela Verdade, pela Memória e por Justiça para todas as vítimas da violência contra a população Pobre, Negra, Indígena e contra os Movimentos Sociais brasileiros, de Ontem e de Hoje. Verdade e Justiça não apenas para os mortos e desaparecidos dos Crimes de Maio de 2006 ou dos Crimes de Abril de 2010, mas para todas as vítimas do massacre contínuo que o estado pratica historicamente no país. Nosso objetivo maior é construir, na Prática e na Luta, uma sociedade realmente Justa e Livre.” (www.maesdemaio.blogspot.com.br).
  12. Marcos Garcia - Professor da UFSCar do campus Sorocaba, doutor em Psicologia Social e pesquisador comprometido com a temática da exclusão social em suas várias formas. Em 2011 desenvolveu uma pesquisa em conjunto com integrantes do FLAMAS (Fórum da Luta Antimanicomial de Sorocaba) que mostrou que nos últimos 8 anos ocorreram 863 mortes nos manicômios da região de Sorocaba, maior pólo manicomial do Brasil, muitas delas de pessoas jovens e por causas evitáveis ou mal-esclarecidas. As fiscalizações e auditorias provocadas pela pesquisa mostraram um cenário de inúmeras violações de direitos humanos no interior destes manicômios e reascenderam o debate sobre a necessidade da reforma psiquiátrica antimanicomial avançar por regiões que ainda funcionam sob a lógica da exclusão dos pacientes do convívio social e sobre os riscos de se reproduzir o mesmo modelo de encarceramento e violação de direitos humanos no cuidado com os usuários de drogas. Dados sobre a pesquisa realizada e sobre a tentativa de intimidação dos donos dos manicômios, que abriram um processo judicial contra o professor Marcos por sua divulgação, podem ser vistos em www.liberdadepesquisa.blogspot.com.
  13. Multirão Cultural na Quebrada – No ano de 2006 inicia-se a pré-produção comunitária na Vila Menck, na cidade de Osasco-SP. Após articulação da população no ano de 2009, surge este movimento, em parceria com outros coletivos, criando uma rede com atividades diferenciadas. Em 2011 com toda a rede articulada conseguiram desenvolver o maior evento cultural da periferia do estado de São Paulo. Em 2012 com uma estrutura mais profissionalizada atingiram um público recorde, pessoas de várias regiões de São Paulo e outros estados. (mutiraoculturalnaquebrada.blogspot.com.br)
Já receberam o Prêmio Carrano em anos anteriores: Allan da RosaCarlos Costa “Carlão”, Carlos Eduardo Ferreira (Maicon)Casa do SaciClara Charf, Dom Paulo Evaristo Arns, Gegê, Grife Dasdoida, Grupo Tortura Nunca Mais, José Ibrahim, Laís Bodanzky, Luciano SantosMagrão (Amigo de Carrano), Marcos Abranches,Maria Amélia Teles “Amélinha”, Paulo AmarantePaulo César Sampaio, Raquel Trindade, Revista Ocas, Sebastião NicomedesSenador Eduardo Suplicy, Sonia Rainho, Tia Dag (Casa do Zezinho), Toninho Rodrigues, Xico Sá,Z’África Brasil
Casa do Saci representada pelo trabalhador Carlos Eduardo (Maycon Pop) 

http://www.youtube.com/watch?v=oXdz5_SHPgw casa do Zezinho recebendo o Prêmio Carrano