segunda-feira, 15 de abril de 2013

Pequena biografia de AUSTREGÉSILO CARRANO BUENO


Curitibano, escritor, ator, dramaturgo. Autor de dois livros editados: “Canto dos Malditos”, que originou o filme “Bicho de Sete Cabeças” e “Textos – Teatro – Seis peças para Teatro”. O texto para teatro de sua autoria “SOS Mãe natureza”, premiado na ECO-92, foi adaptado para livro infanto-juvenil, com titulo provisório: “SOS... Os Senhores Mesquinhos estão devorando a Mãe Natureza” que não foi publicado ainda, embora Carrano tenha recorrido à algumas editoras.
Em parceria com o selo O Autor na Praça, publicou em 2007 dois livros de textos para Teatro: “Canto dos Malditos e O Sapatão e a Travesti”, com a renda da venda desses livros esperava publicar de forma independente uma nova edição de “Cantos dos Malditos” e seu novo romance “Filhas da Noite”, ainda não publicado.

Carrano foi Ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, Membro da Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Representante dos Usuários no Conselho Nacional de Reforma Psiquiátrica (Eleito no Encontro Nacional dos Usuários e Familiares em Xerém, RJ), Defensor Ferrenho das Indenizações as Vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro. Homenageado pelo Ministério da Saúde.

O livro “Canto dos Malditos” deu origem ao filme mais premiado da história da cinematografia brasileira: “Bicho de Sete Cabeças”, dirigido por Laís Bodanzky. Essa obra recebeu 45 prêmios nacionais e 08 prêmios internacionais, ao todo são 53 prêmios conquistados.
O trabalho de Carrano envolvendo a questão da Reforma Psiquiátrica no Brasil é reconhecido nacional e internacionalmente. Carrano, entre suas exigências e defesas, afirmava:
“Temos que ter uma nova visão e maneira de tratarmos, sem preconceitos, respeitando seus direitos de cidadão, e aceitando o diferente que se encontra em sofrimento mental. Um basta definitivo no confinamento, sedação e experiências com cobaias humanas. Confinar não é tratar, é torturar, portanto, são crimes psiquiátricos que devem ser cobrado responsabilidades e serem pagas indenizações às vítimas”.

Ainda acerca de suas exigências, Carrano, no posfácio da última edição do livro Canto dos Malditos, escreveu:
“(...) Ainda espero ser indenizado pelas torturas psiquiátricas sofridas, pela minha condenação aos preconceitos sociais, danos físicos, emocionais, morais, danos na minha formação profissional, danos financeiros, destruição de minha adolescência. E esses meus direitos de cidadão serão cobrado até o fim dos meus dias. Se não conseguir em vida, algum dos meus filhos ficará com essa incumbência. Justiça plena e total é o que exijo, e mesmo depois de morto continuarei a exigir. Não só para mim, exijo essas indenizações para todas as vítimas do holocausto da psiquiatria brasileira, não desistirei por nada nem que leve o resto da minha vida.”

Em 28 de maio de 2003, Carrano foi homenageado pelo Presidente da República, Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, pelo seu empenho na Reforma Psiquiátrica que está sendo construída em todo o Brasil.
Entretanto, todo esse empenho e reconhecimento lhe custaram um grande preço em sua terra natal – Curitiba - onde um lobby de psiquiatras contrários às ideologias de Carrano e do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, fizeram perseguições indecentes, constantes e aviltantes contra sua luta autêntica.
Carrano lançou a 1ª edição do livro “Canto dos Malditos” em 1990, pela Scientia et Labor, editora da Universidade Federal do Paraná.  Dias após o lançamento, o livro foi retirado das livrarias a mando desse Lobby de Psiquiatras, opositores ferrenhos a Reforma Psiquiátrica no Brasil, empresários da loucura, donos e associados dos hospitais psiquiátricos. O livro só voltou a ser publicado em 1991, pela editora Lemos, de São Paulo.

 Carrano comprava os exemplares e os vendia em seminários, palestras, feiras culturais. Graças a uma das feiras culturais realizadas em um Shopping da cidade, o livro chegou às mãos da diretora do filme Laís Bodanszky.


 Em 13 de maio de 1998, Carrano entrou com a “1ª Ação Indenizatória” por erro, tortura e crime psiquiátrico no histórico forense brasileiro.  Até sua morte em maio 2008, uma de suas rotinas foi responder a processos jurídicos de todos os tipos, até um processo que exigia com que ele se calasse, proibindo-o de falar de sua experiência dentro dos chiqueiros psiquiátricos onde foi torturado diversas vezes.
Infelizmente, por conta de novas ações movidas contra o militante, Canto dos Malditos foi cassado, retirado novamente das livrarias e proibido em todo o território nacional em abril de 2002.
As Perseguições judiciais que recebia eram repudiadas pela sociedade brasileira, causando indignação em ONGs nacionais e internacionais de Direitos Humanos.
Da primeira Ação Indenizatória por erro, tortura e crime psiquiátrico no Brasil, de vítima virou réu, em maio de 1999 foi condenado a pagar R$ 60.000.00 aos donos dos “Chiqueiros Psiquiátricos” do qual foi vítima.
Entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal em Brasília. Em novembro de 2003 foi condenado novamente a pagar mais R$ 12.000.00 em vinte e quatro horas, por citar os nomes dos hospícios e dos médicos na imprensa, por estas citações chegou a receber ameaças de morte. Na sentença desse processo seu direito de livre expressão foi cassado, foi proibido de falar o nome de seus torturadores em público, com uma multa de R$ 50.000.00 a cada desobediência jurídica. 
Julgado pelo Judiciário Paranaense, de vítima da Tortura Psiquiátrica se tornou Réu por denunciar, exigir mudanças radicais, indenizações, cobrança de responsabilidades dos profissionais dessa falsa psiquiatria que confina, droga e mata pessoas em suas casas de extermínios, os “chiqueiros psiquiátricos” brasileiros.
Carrano pagou um preço alto, infelizmente, por enfrentar essa Máfia do Inconsciente, donos exclusivos e ditadores do “Saber Psiquiátrico”! Tentaram o calar a todo custo. 
Carrano foi sem dúvida um artista, revolucionário, guerreiro da Luta Antimanicomial e dos Direitos Humanos e um dos mais batalhadores por estas causas no Brasil.
Conseguiu, bancando sozinho o trabalho de seu advogado, a liberação do seu livro “Canto dos Malditos”, depois de dois anos e meio cassado e retirado de todas as livrarias brasileiras; e não contou com nenhum apoio da editora na época.
“Canto dos Malditos” foi dos poucos livros proibidos depois do fim da Ditadura Militar.  Voltou às livrarias em setembro de 2004, com um posfácio mais picante, denunciando os crimes psiquiátricos e também as fortunas psiquiátricas ilícitas. Cobrando, exigindo “indenizações” imediatas às vítimas do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro.
 “A Luta pelos Direitos Sociais de nós ‘Vítimas Psiquiátricas’, está apenas começando, agora que a cobra vai fumar!” dizia Carrano.

 Sequelas... e ... Sequelas

Sequelas não acabam com o tempo. Amenizam. Quando passam em minha mente as horas de espera, sinceramente, tenho dó de mim. Nó na garganta, choro estagnado, revolta acompanhada de longo suspiro.

Ainda hoje, anos depois, a espera é por demais agonizante. Horas, minutos, segundos são eternidade martirizantes. Não começam hoje, adormeceram há muito tempo, a muito custo... comigo. Esta espera, Oh Deus! É como nunca pagar o pecado original. É ser condenado a morte várias vezes.

Sentidos se misturam, batidas cardíacas invadem a audição. Aspirada à respiração não é... É introchada. Os nervos já não tremem... dão solavancos. A espera está acabando. Ouço barulho de rodinhas. A todo custo, quero entrar na parede. Esconder-me, fazer parte do cimento do quarto. Olhos na abertura da porta... rodam a fechadura. Já não sei quem e o que sou. Acuado, tento fuga alucinante. Agarrado, imobilizado... Escuto parte de meu gemido.

Quem disse que só se morre uma vez?

(Austregésilo Carrano Bueno – Poema das quatro horas de espera para ser eletrocutado – aplicação da eletroconvulsoterapia).
Abaixo, segue uma sinopse do livro Canto dos Malditos aos interessados pela história e luta desse que foi um dos grandes guerreiros de nossa sociedade:

História real do período que o autor passou confinado por três anos e meio em instituições psiquiátricas do Paraná e Rio de Janeiro, dos 17 até 21 anos. Sofrendo torturas, e as mazelas de um sistema manicomial brasileiro arcaico, confinador, estigmatizante, e que chamam de “tratamento psiquiátrico”. Sobreviveu a 21 aplicações de Eletroconvulsoterapia; choques numa voltagem de 180 a 460 volts aplicados nas temporas. O livro foi escrito não com a intenção de denegrir a imagem de médico psiquiatra algum, e sim é um relato fiel a que são submetidos os pacientes psiquiátricos dentro dos manicômios.


7 comentários:

  1. Nossa fiquei horrorizada em assistir esse filme e ver o que realmente acontece nessas clínicas psiquiátricas, que dizem que tratam as pessoas com problemas mentais. Eles são cidadãos e precisam ser respeitados sem preconceitos. São diferentes, sim, porém tem problemas como qualquer pessoa não são bichos.

    ResponderExcluir
  2. Eu deveria ganhar esse premio. Verifiquem meu e-book "O povo cego e as farsas do poder 3ed". Tenho trabalhos em diversas áreas do conhecimento humano e fui internado umas 20 vezes - o que só prejudica meu trabalho. Tenho um texto chamado "A cura da esquizofrenia", outro chamado "A cura do hipotireoidismo e a cura do hipertireoidismo", outro chamado "A cura do câncer é o Carboncellox". Verifiquem. Eu realmente mereço ganhar o prêmio Carrano. Eu também nasci em um 15 de maio.

    ResponderExcluir
  3. Eu assisti o filme Bicho de 7 Cabeças, ao qual mostra como são podres os hospícios, como nos filmes Um Estranho no Ninho, O Visitante Noturno, etc..
    Como tem internados nos manicômios pessoas viciadas, insuportáveis, psicopatas e tantos outros problemas mentais.

    ResponderExcluir
  4. Não dá pra ficar surpreso mas dá pra ficar mais enojado ainda com a relação entre poderosos e a instituição denominada justiça.
    Este maldito binômio é destruição de pessoas (ex Carrano) como tbm da liberdade que todos teriam que poder experimentar em suas vidas.
    Instituições e médicos em vão tentarão esconder seus horríveis atos. Eles já estão escritos na história. E os danos morais não lhes custarão R$ 60 mil, custarão preço eterno, desde agora...

    ResponderExcluir
  5. Não dá pra ficar surpreso mas dá pra ficar mais enojado ainda com a relação entre poderosos e a instituição denominada justiça.
    Este maldito binômio é destruição de pessoas (ex Carrano) como tbm da liberdade que todos teriam que poder experimentar em suas vidas.
    Instituições e médicos em vão tentarão esconder seus horríveis atos. Eles já estão escritos na história. E os danos morais não lhes custarão R$ 60 mil, custarão preço eterno, desde agora...

    ResponderExcluir
  6. Não dá pra ficar surpreso mas dá pra ficar mais enojado ainda com a relação entre poderosos e a instituição denominada justiça.
    Este maldito binômio é destruição de pessoas (ex Carrano) como tbm da liberdade que todos teriam que poder experimentar em suas vidas.
    Instituições e médicos em vão tentarão esconder seus horríveis atos. Eles já estão escritos na história. E os danos morais não lhes custarão R$ 60 mil, custarão preço eterno, desde agora...

    ResponderExcluir
  7. Não dá pra ficar surpreso mas dá pra ficar mais enojado ainda com a relação entre poderosos e a instituição denominada justiça.
    Este maldito binômio é destruição de pessoas (ex Carrano) como tbm da liberdade que todos teriam que poder experimentar em suas vidas.
    Instituições e médicos em vão tentarão esconder seus horríveis atos. Eles já estão escritos na história. E os danos morais não lhes custarão R$ 60 mil, custarão preço eterno, desde agora...

    ResponderExcluir